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dcenadaimpossivel.word...
O poeta Está Morto
O poeta de mãos calosas
sob a pele do operário
deglute, à seco algum verso
e guardanapo;
junto aos trocados da pinga
que queima na goela
como o pó da fábrica
e, no bolso, o mísero ordenado
minguado, em combustão espontânea.
Um olho que lacrimeja,
efeitos do risco químico,
o outro é angustia da boa,
que molha e à barba por fazer
mal disfarçada por óculos obrigatórios.
Zumbis mal-sepultos
assombram-lhe a madrugada
na fila do ônibus
seus sonhos penhorados.
O barulho da catraca dita o ritmo
e marca o passo dos solavancos
onde a dama/marmita
fria e única que se é permitida
tirar para dançar
nos países em desenvolvimento.
Findo o expediente, é hora de ir à forra
no intrincado e perigoso
Jogo das putas e outras damas mais suspeitas...
e a literatura espoliada
chora a morte de um vate
último romântico
de sua espécie.
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