quinta-feira, 28 de junho de 2012

Revista Varal do Brasil - Edição 16 (Julho/Agosto - 2012)



Covardia

Queria ter a vocação para a galhofa
e tornar-me poeta satírico, trocista
mas coragem me falta.
Bebo o mundo da superfície,
embora acalente a latente utopia
de profundos mergulhos,
mas sou covarde.
Não cultivei em meu espírito
a bravura do tigre, antes finjo de morto
contraído em inseto, fixo, uma planta carnívora
contentando com eventuais moscas incautas
destarte cobice um banquete de javalis;
mas me falta coragem.
Se não me perguntam, também nada digo
e assim, não me contagio.

Não sei se lhes disse, mas sou covarde. 

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Francisco Ferreira

quinta-feira, 14 de junho de 2012

2º Lugar (I Concurso Língu'Afiada de Poesias) Apresentação



Conclusão e Apresentação no blog:

TURRINHA

Nome: Francisco Ferreira
Cidade: Betim – MG
Idade: 43 anos


O Concurso foi fantástico excetuando-se o desrespeito de alguns jurados pelos organizadores e concorrentes. Falo daqueles que não enviaram suas notas e comentários no prazo. "Cada um sabe onde o calo lhe aperta", mas "palavra dada, vida empenhada"!

Para quem não conhecia o FNV "de outros carnavais", sua sinceridade cortante que beira a arrogância, pode assustar, no entanto, obtivemos dele e do Asth dicas valiosíssimas, que certamente nos fará melhores poetas.

A organização foi impecável, em todos os sentidos e os concorrentes de alto nível, orgulho-me de chegar a última rodada ainda com chances de ser vencedor.

Pena que chegou ao fim e ficamos, todos nós, com as "gratificações e frustrações no uso da palavra e do silêncio!" (Ítalo Calvino).


Classificação Final: 2º Lugar (geral) com 435,5 pontos em 480 possíveis.

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Francisco Ferreira


quarta-feira, 13 de junho de 2012

2º Lugar (I Concurso Língu'Afiada de Poesias) VIII Rodada


Imagem: brunnoq26.blogspot.com

VIII Rodada (Final):
Tema: Amor 
Poema: Do Instante em que o Amor Acontece

Teus olhares brincam
De esconde-esconde nas esquinas
E ruas de meu rosto.
Passeiam de mãos dadas
Enfeitados de brilhos
E sombras, furtivos
Nas minhas pupilas.
Colhem, daqui e dali,
Um sorriso torto
Do pomar dos meus bigodes
E, saciados, retornam elípticos
À sua órbita de sonegação.

Por vezes, de tão sensuais
Se atrevem a levantar
Saias de cílios
A desnudar possibilidades
Num can-can irrestível
Arrastam, num aluvião,
Olhos/cérebro/coração
Em correntes elétricas...

Nesta imponderável conquista
Neste mútuo reconhecimento
De cumplicidades
É que reside a fase mais memorável
De todo amor.

***

 Notas e Comentários:

Marcelo Asth


Fluxo intenso. Musical nos ritmos, poético na escolha das imagens: “a levantar saias de cílios”, “pomar dos meus bigodes” e outras brincadeiras do olhar pelo rosto. O poema é elétrico e arrasta num aluvião, mas o final, por mais que seja lindo, perde na poesia. Olhares iniciais são marcantes – sendo esta a fase mais memorável do amor, faltou ousadia poética e ficou mais como conclusão.

Nota: 9

Felipe Neto Viana

Para o poeta Turrinha esta leva simboliza a grande final versus o poeta Andrade. Considerando a importância da leva para o poeta penso que seja sine qua non um poema de impacto, a promoção da colisão entre poema e leitor/crítico. O amor impresso na primeira troca de olhares é comumente arrebatador e é justamente este arrebatamento que me faltou neste poema. Turrinha tem plenas condições de vencer o certame, a sua genialidade é inquestionável. Contudo, o grau de exigência pode ter influenciado no feitio do poema. Congratulo o poeta pelo alto nível de intertextualidades apresentadas durante todo o certame e pela inteligência em saber encaixar cada menção em seu devido lugar na poesia.

Nota: 9

Camila Furtado

Turrinha descreveu com perfeição o flerte, as primeiras trocas de olhares; o nascimento do amor. Adorei!

Nota: 10

Média: 9,5

Stella Monteiro: 5

Izaura Carolina: 5

Média: 10

Total: 57,5      

ANDRADE (Lohan Lage Pignone): (...) Durante o concurso, me apaixonei por todos os poetas, com destaque para Turrinha (grande adversário e amigo, com certeza!), Erato Poeta, Scott B. Coffe, Bené e Annie. Esses poetas escreveram não somente para vencer o concurso, mas para entrar na história. Posso dizer, por fim, que disputei com gente grande.(...)

***


Classificação na Rodada: 2º lugar
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Francisco Ferreira

terça-feira, 12 de junho de 2012

Solidão: Poema Publicado no Blog "Textos e Livros Premiados"




Imagem:  evaldomota.blogspot.com

O poema "Solidão" - Menção Honrosa no III Prêmio Literário Legislativo - 2012 da Casa do Poeta Caçapavano e da Câmara Legislativa de Caçapava do Sul-RS - foi publicado no blog Textos e Livros Premiados.

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Francisco Ferreira

2º Lugar (I Concurso Língu'Afiada de Poesias) VII Rodada



VII Rodada:

Tema/Poema: O que não Pode Calar 


A voz rouca do boi-homem
nos abatedouros diários
do sistema de Sistemas Únicos.
A arte tatuada e esquartejada
pendurada nos açougues e IMLs
servida, nos jornais, como carne de segunda.
A poesia deglutida à seco
nos guardanapos, tira-gosto
para a pinga que faz minguar
a depressão nossa de todo dia
na mesma toada em que míngua
o salário dos poetoperários.
Os sonhos e a vida
penhorados nas filas dos ônibus
enumerados nas catracas/maracás
dança de marmitas e vazios
estômagos revirados em náusea.
A súcia de vates gauches
bárbaros que regurgitam
versos violentados, quebrados
na cara gorda dos neo-Senhores-de-Engenho.
A música pós-concreta dos marteletes
que esfacelam, conjuntamente, pedras
e homens (pó-de-concreto.)
O berro do boi-homem
manietado, marcado, negociado
nos currais (onde se curra) – guetos,
esse gado magro que somos todos nós!

***

Notas e Comentários:
Felipe Neto Viana

É com pesar que aplico esta nota para Turrinha. O poeta tem uma história impecável neste certame e está disputando ponto a ponto com o poeta Andrade e isso eleva e muito o grau de responsabilidade do julgamento e principalmente do poeta em seu fazer poético. Abriram as portas do zoo nesta leva e Turrinha também bebeu da metáfora zé ramalhiana ofuscando a sua originalidade. Gostei da vaga intertextualidade com Chico Buarque, em 'Deus lhe pague'', mas não foi o suficiente para manter o poema impactante, um poema que apresente um poeta vencedor. Vi muito do que já vi em outros carnavais. Ainda assim, as chances de vitória neste certame são reais e justas.

Nota: 8

Marcelo Asth

Poema bem apresentado, com força e ritmo impecáveis. Poema de denúncia, em jorro – lembra um pouco Castro Alves. O homem-boi é uma imagem perfeita que tem voz própria e não se cala nem abatida.

Nota: 10

Camila Furtado

Triste realidade transformada em poesia. Turrinha não pode e não deve calar-se, sua poesia está crescendo e aparecendo.

Nota: 9

Média: 9

Stella Monteiro: 4,5

Izaura Carolina: 5

Maria de Lourdes Almeida: 5

Média: 5

Total: 55,5
***
O Cachorro pegou raiva e babou na poesia. A Sofia emergiu pra tomar fôlego e respirou fundo, revirando tudo. A Turrinha girou a minha cabeça. o Erato etá correto. O Scott, com gelo, gelou minha espinha com doçura Mas foi o Andrade que me conquistou. Já ganhou!

Absurdo o Scott ter ficado atrás do Erato e da Turrinha. Parabéns Andrade, voce mereceu a colocação.
***
Classificação na Rodada: 2º lugar
Link:



Francisco Ferreira

segunda-feira, 11 de junho de 2012

2º Lugar (I Concurso Língu'Afiada de Poesias) VI Rodada


Imagem: indraswitch.blogspot.com

VI Rodada:

Tema: Usar as palavras Luminária, Pretensioso e Aglomerar (ou suas variantes)

Poema: Vida e Destino: Angustias de Efemeridade


Teias e tramas
Aglomeram-se em minha cara
Pelo firme traço
Do buril do tempo,
Tanto mais se encurtam
E esmaecem as linhas
De minha mão...
A cigana, cega e louca,
Tateia nas trevas
Apagada luminária nas mãos
A errar a escrita
No roteiro de minha sina...
O barro do chão
Matéria pútrida de que fui feito
Trinca-se, esfacela e se expande
Deixando vazar o sopro divino
A outra parte que me compõe...
Na debilidade progressiva dos sentidos
Quanto mais moucos meus ouvidos
Mais próximo o silvo
Da gadanha do ceifeiro...
Tão pretensioso dizer-se vivo,
Se se morre, a cada segundo,
Milênios de ausência!

***

Notas e Comentários:
Felipe Neto Viana

Que imagem bem traçada, verso a verso, da longevidade e da proximidade com a morte. Turrinha mais uma vez se mantém intacta, a não ser pelo pequeno erro ortográfico no penúltimo verso, 'more'. O arremate poderia ter sido melhor garimpado o que não tira de forma alguma a beleza do poema em íntegra.

Nota: 9

Marcelo Asth

Nossa! Uma obra de arte. Poema raro. Não tenho muito que comentar - mesmo querendo muito. Turrinha já sabe os segredos.

Nota: 10

Camila Furtado

O que foi isso? Espetacular! Adorei o verso "Tão pretensioso dizer-se vivo, se se morre a cada segundo." escrevi diferente, mas foi como interpretei.

Nota: 10

Média: 10

Stella Monteiro: 4

Izaura Carolina: 5

Maria de Lourdes Almeida: 4

Média: 4,5

Total: 56,5


13 de Maio de 2012 23:44
Poxa, você evoluiu mesmo, cara, eu notei isso. Você está brilhante. E eu, enrolado com esse concurso do Autores



14 de Maio de 2012 00:19
boa sorte em ambos concursos. Não há melhor nem pior, há pessoas com suas visões sobre nossos poemas. Só isso, rs.


Parabéns poetas. O jogo vai ficar mesmo entre Andrade e Turrinha. Mas Scott tem chances. Não perco essa reta final por nada. Força pra todos. Que os Deuses da poesia estejam convosco.

***
Classificação na Rodada: 3º lugar

Link:

Francisco Ferreira