Fonte da Imagem: zambezianachuabo.blogspot.com
O Não Pertencimento
Não sou pertencente a lugar nenhum,
cidade alguma
cidadão oco, vazio. Copo trincado
em fim de orgia, sem corpo.
Fluido, gás helio, balão incolor
vago além da atmosfera.
Divirto platéias, palhaço e louco
envergonho a família, a classe, o povo
a humanidade inteira.
Enlouqueço a Tradicional Família Mineira
com meu sotaque carregado de uais,
pensamentos singelos, mas elegantes,
um tigre a desfilar seu garbo
entre búfalos e elefantes.
Não me querem assim, não me querem
vistoso
pavão, garanhão marchador. Assim não me
querem
os pais, os avós, professores, o pároco,
o prefeito.
também a primeira namorada, o boi que
rumina ao largo
o coelho a espiar dum buraco do chão,
todos
me querem simples, um inseto, uma tábua
um alfinete ou um dedal, inofensivo,
insignificante .
Deslocado, anacrônico, insípido.
Mas qual, se não me permito a doma,a arreata,
tampouco a ordenha, cintos a estrangular
libidos.
Sou livre, sou leve, sou gás...
3º Lugar no XVII Concurso Internacional de Poesias, Contos e Crônicas da Associação Artística, Literária e Multiprofissional "A Palavra do Século XXI" (ALPAS 21) - Cruz Alta (RS) - maio/2012.
Francisco Ferreira
francisco.ferreira68@yahoo.com.br
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