Imagem: meuspensamentossecretosumdesabafo.blogspot
II Rodada:
Tema: Dor e Poesia
Poema: Poetar
Não fosse a ansiedade pungente
E minha alma calaria!
Mudo espírito
Contemplativo, apenas...
Não fossem os veios abertos
E as angustias jorrantes
Meu cérebro – porão desabitado –
Jazeria fechado
Silencioso e úmido.
Não fosse o carpir infatigável
Seleção de joios
No trigal da existência
E minha pena repousaria
No umbral das penas.
Mas a dor coabita e copula
Em minha mente
Gerando as tais flores de revolta
E poetar é preciso.
Não fosse o medo ancestral
Da fera, da solidão, da morte
E a implícita ameaça da danação eterna
E bastaria o caderno de folhas virgens...
Me calava!
Inerte, posição fetal
Larva, coliforme, unicelular
Mas viver é imperativo!
***
Notas e Comentários:
Felipe Neto Viana-
As 'tais flores da revolta' acarretam a poesia ou ato de fazer poesia, o 'poetar'. A menção implícita a Baudelaire deu o tom qualitativo a este poema que poderia resguardar menos versos. A poeta Turrinha se apresenta como boa concorrente neste certame e poderá surpreender nas próximas levas se aderir à condensação poética.
Nota 9,5
Marcelo Asth-
Poema imagético, bem conduzido, com ares antigos. Não comparando, mas me lembrou Pessoa em: “Fosse eu apenas, não sei onde ou como, uma coisa existente sem viver”.
Riqueza de significados com o uso da palavra “mudo” - que além da mudez, traz uma mudança do estado de ansiedade para o estado de contemplação. Imagens de contraste, como a do cérebro – o que seria mais facilmente ligado ao sótão, vem aqui como um porão; o que seria um espaço repleto vem desabitado. Sugiro a leitura (a todos os poetas do certame) de “A poética do espaço”, de Gastón Bachelard, que traz reflexões e relações muito poéticas entre a casa e nossos sentimentos e pensamentos sobre o mundo.
Link para o livro: http://pt.scribd.com/doc/57089481/BACHELARD-Gaston-A-Poetica-Do-Espaco
Alguns versos pedem pra serem revisitados pelo autor antes de o poema receber o ponto final, como no trecho: “(...) seleção de joios no trigal da existência e minha pena repousaria no umbral das penas”.
Título comum – o poema é melhor. Quase excessivo, mas bem concebido.
Nota: 9
Camila Furtado-
Lindíssima! Não sentir é não ter história, é não gerar poesia, é folha em branco. Sou dessas.
Nota 10
Nilton Riguett-
Gostei da construção do tema, criatividade própria de grandes poetas.
Nota 7,5
Stella Monteiro- 4,5
Renata Buzak- 5
Izaura Carolina- 4,5
Média-5
Total: 55
***
Classificação na Rodada: 1º Lugar
Link:
Francisco Ferreira
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