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Solidão
A dor já passou, mas possa senti-la.
Passaram a doida, boi e boiada.
Boiadeiro não passou, passado
Que já não é tempo
De haver mais boiadeiros.
O tempo passou!
Passou o período das monções,
Do verdor dos campos verdes, das secas terras,
Das jabuticabas maduras
E o seu negro cheiro doce.
Alados negrumes das graúnas e anus.
Passou o dia, o cortejo, o féretro;
A hora passou, exato, o instante,
De se dizer obrigado, de pedir desculpas,
Ou de enciumar-se.
Falar que te amo? O momento passou!
Os anos passaram soturnos e alegres,
O trem, apitos e fumaça,
O carnaval, o ônibus, as janelas
A moça da janela também já passou!
Passou a época de se viajar
Mudanças, chegadas,
Das partidas, a ocasião já passou
Passaram diletos, os amigos e desafetos;
O verão, as montanhas e o mar.
Passou a embriaguez, passaram os desejos,
A oportunidade também já passou!
Passou o tempo de se provar
Teoremas, de publicar poemas,
De retirar o lixo, salvar o planeta
De se fazer escolhas... de me reciclar!
A vida? Também já passou!
Francisco Ferreira
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