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Despertar na Cidade
A noite, avançada em horas, sorri
sorrisos de dentes ausentes, prostituta
sem clientes a seduzir mendigos.
Abriga em seu colo de negrumes
os bichos e as almas rotas.
Um galo desavisado rouba o sono dos
trabalhadores
em uníssono com cachorros vadios.
O centro da cidade madruga de cara
inchada e ressaca,
duvidosas damas osculam
uns últimos vinténs, enfastiadas.
Bêbados boêmios brindam
derradeiros copos cansados.
O comércio cerra as portas noturnas
e em paz, pare o dia.
Os motores bafejam fumaça quente
sobre os últimos ventos frios,
sonolentos dedos abraçam volantes,
entrelaçam-se
em suportes de trem, ônibus e metrô
anelados de dormência e preguiça.
O mercado ensaia a ópera, da muita
oferta
e da pouca procura, enquanto o sol
espreguiça
em múltiplos braços de deus indiano.
2º Lugar no XXXVIII Concurso Literário das Edições AG - 2013
Francisco Ferreira
francisco.ferreira68@yhaoo.com.br